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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

a lua desapareceu no céu (poema para fukushima III)

a lua desapareceu no céu

( poema para fukushima III )


fio a fio
este tear entardece
as minhas unhas
na fria manhã
em meus (a)braços 
a brisa se espuma

o desafio:
em cada palavra
suspenso o vôo
penso
logo escrevo:
o que há dentro
do olho se o ocaso
 se esvai ?

indo
entre nuvens
vai a garça branca
enfileirando luas
as rugas
da lua são caminhos
 tecidos
pela tranquilidade

a idade
do tempo
é o pó que nos cobre
- feito um diamante -
o dia
 em silêncio
arde onde ando  
a contraventos

a cor dar
à brisa da manhã
com teus olhos
e meus dedos
tateiam o céu
das tuas tatuagens
com palavras

acho-me só
e aguardo o alvoroço
da goiabeira
nesta tarde-noite
o açoite do vento
me embala

e eu te abraço

7 comentários:

  1. As rugas da lua, caminhos de paz. Um abraço, Yayá.

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  2. "a idade do tempo
    é o pó que nos cobre -
    feito um diamante"

    Brilha, pó da estrada que trilhamos...
    ...lapidados ou não...diamantes!

    Belo poema! =)

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  3. Luiz Gustavo
    Como sempre, lindos poemas para Fukushima .

    Obrigada pelo poema que postou no meu espaço.

    bjs

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  4. c
    a
    m
    i
    n
    a
    r
    por las arrugas
    de la
    luna
    dar
    con la brisa
    amanecer
    en tus
    versos*

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  5. Luis, nunca havia reparado em tamanha beleza que pode provocar a aparição de uma lua, numa noite de qualquer lugar, a fascinação de elementos dançantes ao redordesua órbita... Tudo perfeito,voltarei sempre por aqui pra me inspirar com tuas inspirações... Sigo-te!

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  6. do abraço ao alvoroço:
    (nossos dedos tocam todas as distâncias, e nossos braços se entrecruzam nas disjunções de tempo)

    aquela goibeira pipocava verdes esperanças por cima do muro do vizinho, o menino se esticava todo pelo muro alto, mas a goibeira é que se esticava para todos os lados, a rolinha deitava e rolava no rubor do de dentro... algumas goibas bicadas no chão do terreno, formigas, e bichos que se anelavam na carne da fruta como árvores que se enroscam e crescem por dentro.
    o menino pegava a maior de todas as goiabas ao alto e roçava os dentes na casca lisa-áspera-ácida, cheirava com as mãos e o corpo todo, depois lhe cravava vagarosamente os dentes atravessando os caroços do tempo, a saliva regava até àss raízes daquele encontro, ficavam se demorando ali o menino e a goiabeira como algo que não se quer acabar nunca, nunquinha... até que o menino cresceu, nisso ficou toda a infância, menos nos invernos que a árvore parecia morta, mas era sequidão de estar sozinha no frio, o menino olhava de noite pelo vidro da janela os galhos desenhando sombreados no céu, contava-lhe histórias de crescer enquanto dormia, de passar por longos invernos, por desertos extensos e estações de florescer o mundo, lá dentro da terra estava viva, o menino descobriu. Todas as estações em gestação no seu tronco seco e quase estorricado, a goiabeira se foi depois que a moça da casa velha foi embora, se mudou pra longe e não voltou mais... só que essa moça levou a goiabeira dobrada nas mãos como um antigo origami, levou consigo aqueles bichos que cresciam no interior dos frutos e levavam pra longe pedaços daquele terreno pela terra afora pelo mundo adentro levava aquele cheiro das coisas que nunca morrem e a lembrança do menino que gostava de goiabeiras, de histórias para se embalar e de sonhos pra dormir.
    Aqui desdobro a goiabeira. E te alvoroço e tu me abraça.

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