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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

 
 
campo de aspargos –
na tarde silenciosa
caminho sozinho


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cheiro de ameixa
enquanto cresce a garoa
entre os telhados


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garoa insistente -
aquecendo minhas mãos
o olhar do gatinho


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tarde de inverno -
meus sapatos encharcados
na hora do almoço


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vai-se o agosto -
em meus antigos poemas
as nuvens cinzentas


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garoa fria -
o cão só mete o focinho
pro lado de fora


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hoje o inverno
não me causa desconforto -
os velhos amigos


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cobrem meu quintal
as chuvas todas de agosto -
café na varanda


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inverno fenece -
feliz envelhecimento
cantam os pássaros




terça-feira, 21 de agosto de 2012



velha tagarela –
do lado de fora da casa
o vento uivante

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tarde de agosto –
continua o vento de ontem
a soprar as folhas

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calmamente
colado ao tronco da acácia
o pássaro canta

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nas ondas do mar
minha sombra se afoga -
entardecer de inverno

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tarde nublada:
pássaros irrequietos
no alto da acácia

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vento no jardim –
até o cachorro cansado
no agosto sem fim

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cai a tarde-noite -
a garoa na janela
me faz repousar

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no jardim da praça
é uma romaria só -
caliandra santíssima

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agosto cinzento –
nem o vento insistente
tira o sono do cão

**

chuvas que não vêm -
nesses dias amornados
o inverno fenece




quarta-feira, 15 de agosto de 2012



pela vizinhança
os raios do sol de inverno
amornam os caminhos

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também já se movem
as sombras nas paredes -
gélida manhã

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no campos vazios
contemplo a névoa de inverno
ainda mais densa

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trovão hibernal -
mesmo assim rega as flores
a minha vizinha

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nos campos secos
rapidamente flutuam
a sombra das nuvens

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manhã de agosto -
a tão aguardada chuva
ficou pelos montes

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restos de memória
sobre o banco envelhecido -
azaléias secas

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ameixa-amarela -
minha parceira de viagem
na estrada vazia

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dias alongados -
também já cresce o bigode
do filho mais novo

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imerso em silêncio
já nem me lembrava mais
da mosca de inverno






sobre as colinas
o vento gélido se estende
de leste a oeste

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enquanto viajo
sobre a estrada a lua cheia
me ensina o caminho

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anoitecer -
à luz da lua grande
a planície estendida

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chá das cinco horas -
com pontualidade inglesa
a lua de inverno

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agosto cinzento -
o perfume inconfundível
do vinho merlot

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na tarde gelada
o vôo negro das aves
causa-me arrepios

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noite acolhedora -
na xícara de café
bebo o luar de inverno

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velhas notícias –
morador de rua se protege
na noite gélida





melancolia -
sobre os cômoros de areia
o luar de inverno

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à beira da estrada
goteja o pinheiro ao sol -
última geada

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o olhar do cachorro
para o alto do telhado -
filhote de gato

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hora do café -
o frio intenso de ontem é
notícia no rádio

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saudades do frio
quando em pleno inverno
faz esse calor

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céu cinza de agosto -
para passar essa tarde
me estiro na cama

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tigela vazia -
nada mais melancólico
que o olhar do cachorro

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a chuva gelada
se abate sobre as montanhas -
hora da sesta