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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

banco do jardim –
o sorriso do meu sogro
ante o ipê-roxo

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varal da vizinha –
o vento tenta levar
todas roupas dela

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descanso tranquilo –
sob o viaduto o silêncio
desta tarde quente

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canto do sabiá –
bate na minha vidraça
o sol da manhã

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assovia o vento –
sobre a mesa da varanda
o olhar da gata

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através da porta
são visíveis novamente –
amores-perfeitos

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sobre esta calçada
as pegadas do meu cão
se fazem notar

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

depois do aguaceiro
amanhecida em silêncio
a gaivota pousa

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na velha varanda
espreguiçadeira lembra -
as mesmas histórias

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sob a chuva fina
escorregando pela escada
o meu cachorro

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vento na varanda -
o silêncio de setembro
chegando ao fim

terça-feira, 27 de setembro de 2011

caminho de casa -
azaléias contempladas
por olhos brilhantes

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sob um céu limpo
florescendo o ano todo -
amores-perfeitos

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o jardim central
fica após todo o aguaceiro
bem mais colorido

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no jardim de casa
a estação das flores
chegou para ficar

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enxame de abelhas
sobre cachos-de-estrelas
invadem a tarde

sábado, 24 de setembro de 2011

ao amanhecer
neste dia sonolento -
percebo a azaléia

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sob a escadaria
aguardando o vendaval -
cachorros aflitos

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repentinamente
no gramado lá de casa -
o toró que cai

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o céu mais cinzento
com a nova estação -
campos queimados

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nova estação -
o capim em meio as pedras
já se mostra todo

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folhas secas ainda
no gramado após a chuva -
pés de jambolão

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já posso sentir
nos galhos do jambolão
o dia abafado

terça-feira, 13 de setembro de 2011

poema-pétalas

(poema dançarino)



esta estrada
onde o horizonte
 parece perto
segue sem rumo
paro o carro
olho para leste
lá onde o sol nasce
sobre o oceano
e daqui
das montanhas
a cidade fica longe

o céu
azul profundo
me remete às lembranças
de quando era criança
os dias estão
mais frios do que nunca
logo será noite
e as estrelas
aparecerão
acho que aqui ficarei
para tê-las comigo

- sentado estou -

a estrada vazia
e o sol se (ex)pondo
sobre uma pedra
ao longe um gavião
vai olhando tudo
em círculo(s) e veloz(es)
pássaros vão
rompendo os céus
de um lado a outro

não sei se terei
o meu céu estrelado
lá longe
as nuvens negras
e a lua
não aparecerá
para mim ou para você
logo irá chover

o som das cascatas
vai refrescando
 meus ouvidos
na subida da serra
onde subo
e sem pressa
a névoa
vai tomando conta
dos muitos canyons
e esta chuva
que ronda minha vida
é a mesma
que te ronda

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

pardais saltitando -
a nova estação chega
na minha varanda

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ao sopro do vento
dissolvem-se no céu
as nuvens negras

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nesta noite fria
o silêncio denuncia -
meus cachorros dormem

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azaléias brancas -
oferecidas ao vento
enfeitam o jardim

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todas as tardes
a ventania convida-se
a entrar em casa

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

a lua desapareceu no céu (poema para fukushima III)

a lua desapareceu no céu

( poema para fukushima III )


fio a fio
este tear entardece
as minhas unhas
na fria manhã
em meus (a)braços 
a brisa se espuma

o desafio:
em cada palavra
suspenso o vôo
penso
logo escrevo:
o que há dentro
do olho se o ocaso
 se esvai ?

indo
entre nuvens
vai a garça branca
enfileirando luas
as rugas
da lua são caminhos
 tecidos
pela tranquilidade

a idade
do tempo
é o pó que nos cobre
- feito um diamante -
o dia
 em silêncio
arde onde ando  
a contraventos

a cor dar
à brisa da manhã
com teus olhos
e meus dedos
tateiam o céu
das tuas tatuagens
com palavras

acho-me só
e aguardo o alvoroço
da goiabeira
nesta tarde-noite
o açoite do vento
me embala

e eu te abraço