silêncio quebrado -
na casa do meu vizinho
o cachorro late
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não tenho mais visto
o meu vizinho da frente -
crisântemos secos
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vai devagarinho
a vizinha com seu cão -
sob o guarda-chuva
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à margem da estrada
em toda a minha viagem -
plátanos dourados
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nesta longa viagem
compreendo o amanhecer -
não posso parar
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manjericão seco -
ao lado de casa ainda
toda sua fragrância
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na serra gelada
muitos manacás já são
a grande atração
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ranger de porta -
é o vento querendo entrar
sem pedir licença
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que algazarra faz
todo dia que chego em casa
o cão pequenino
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já dorme tranquilo
ao lado do cão companheiro
meu filho cansado
ranger de porta -
ResponderExcluiré o vento querendo entrar
sem pedir licença
y aquí entró
volando las cortinas
otoño marrón*
lindo mesmo todos eles. esse me vem ventar e me deixa tontinha e te sopro na face também os ventos daqui:
ResponderExcluir...na casa velha o vento vinha bater nas janelas avisando que a chuva ia chegar, girava a hélice do ventilador do pai, balançava no teto os lustres que lembravam lisboa, o calendário pendurado na parede o vento lá corria os dias como um cão em alarido, também mexia a água da bacia com roupas que quarava no quintal, trazia nunvens sobre o morro como bolas de sorvete no bolo, o vento abanava seu rabo, você sabe vento tem rabo, viu? ele abanava seu rabo nas rendinhas da colcha forrada na cama, e deitava um tapete de folhas secas no quintal, brincava de roda com as galinhas tontas no areal, eu ria ria... o cabelo do pai tão liso que nem o gumex segurava aquele vento, as roupas todas ele ia embolando no varal, o vestido da mãe virava balão de a gente ver a hora da mãe voar pra bem longe, a gente fazia o sinal da cruz +, a gente corria e arrancava as roupas do varal com os pregadores e tudo saltando pro alto feito monte de sapo que comeu sal, vixe coisa boa, eu me dependurava na mureta punha o rosto e ele vinha... vinha o vento me beijar a face assim de beijo lambido feito fazem os cachorros quando a gente chega...
Beijo, viu?