pena eu estar sozinho -
já floresce na colina
o ipê amarelo
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na rua de casa
onde não há mais ninguém
se enche de sapos
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arco-íris de inverno -
o tesouro que procuro
no alto da montanha
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noite de lua cheia -
não me dá sossego
o uivo do cão
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retorno prá casa
com uma nova colheita:
a tosse crônica
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vento cortante -
minhas orelhas sentem
a passagem dele
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sob o cobertor
aguardo a tarde passar
lendo e sonhando
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apenas um cão
perambula pelas ruas -
vento minuano
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à beira do riacho
o salgueiro desfolhado
me mostra o caminho
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névoa da manhã -
em seu silêncio interior
a garça no brejo
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tenta em vão pescar
o pescador com sua rede
a lua de inverno
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azaléia branca -
uma rajada de vento
carrega sua cor
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noite escura -
de repente as trovoadas
assustam o cachorro
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na praça central
o silêncio impera agora -
o vento gelado
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no céu desta tarde
de um azul profundo surge
a lua crescente
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persigo sem pressa
as nuvens sobre a colina -
arco-íris de inverno
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entre suinãs
o marido e a mulher
namoram sem pressa
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outono à tarde -
nas ruelas do cemitério
lastimo em silêncio
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ruge o minuano
mesmo assim as aves pretas
sobre a carniça
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