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sexta-feira, 20 de maio de 2011

noite sem lua –
na solidão do lago
afundadas estrelas

****

são folhas secas
- levantadas pela brisa -
do bambu cortado

****

manhã gelada -
sei que ainda vivo pois
meus ossos tremem

****

a viagem está próxima –
e estas gaivotas vêm
me ver partir

****

no alto da falésia
andorinhas espalhadas -
a lua logo acima

****

manhã nublada –
ninguém dentro dos barcos
nas docas vazias

****

ao longo da lagoa
seguindo a minha sombra
o cão companheiro

****

sob os pés descalços
lembram-me a minha infância -
urtigas secas

****

apesar do frio
convido à todos ficarem
próximos de mim


****

de agora em diante
não vou olhar para os molhes –
céu estrelado

****

nesta noite fria
ninguém lê mais o que escrevo –
lua minguante

****

tempestade –
para todos compreenderem
o que se passa aqui

****

a brisa se ouve -
entre o mar e a falésia
a vigilante gaivota

****

as tardes passam
e com elas as pulgas
do meu cachorro

10 comentários:

  1. com os pés gelados
    leio haicais. Na madrugada
    desta noite fria

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  2. Muy lindo.
    Me gustaron mucho.
    Sobre todo este haiku:

    Ao longo da lagoa
    seguindo a minha sombra
    o cão companheiro.

    Besos Mil

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  3. espetaculares. Passei para te deixar o meu beijo.

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  4. gracias por continuar mi "soledad".
    luego vuelvo por aquí a leer esta entrada.

    besos*

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  5. el pasado es
    luz y sombra en el río
    agua que vuelve

    besos*

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  6. "Tudo passa. Até uva passa."
    Abraços poéticos

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  7. as pulgas do seu cachorro são muito poéticas...

    O que mais me encanta num haikai (num bom haikai) é o poder de dilacerar com poucos artifícios, como a picada de uma cobra ou um amor que sangra... até morrer ou matar. Um lapso de ser humano que transcende ao Inferno ou ao Paraíso, se conseguir sobreviver a ele mesmo.

    Nem todo poeta alcança essa eloquência...É muito difícil fazer bons haikais.

    Hoje que vi que deixou um poema nos comments do LOBA. Irei postá-lo depois. Gostei muito dele. Parabéns!!!

    Beijos!

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  8. Seus haicais me fazem voltar à infância.

    "Ao molhar os pés
    depois das urtigas secas
    girinos rondando"

    Um abraço

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  9. solidão vernal —
    o violoncelo acompanha
    vinho e azeitonas

    Um abraço boreal

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  10. sinto que ainda cresço,
    todos os ossos doem
    até à alma

    **

    na calmaria da lagoa
    atrás da casa velha
    as imbiribas assanhadas

    **

    solidão que nada
    na noite fria
    a lua se cobriu de céu

    **

    lilás do ocaso
    é a rosa dançarina
    nas tardes de abril

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