noite sem lua –
na solidão do lago
afundadas estrelas
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são folhas secas
- levantadas pela brisa -
do bambu cortado
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manhã gelada -
sei que ainda vivo pois
meus ossos tremem
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a viagem está próxima –
e estas gaivotas vêm
me ver partir
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no alto da falésia
andorinhas espalhadas -
a lua logo acima
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manhã nublada –
ninguém dentro dos barcos
nas docas vazias
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ao longo da lagoa
seguindo a minha sombra
o cão companheiro
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sob os pés descalços
lembram-me a minha infância -
urtigas secas
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apesar do frio
convido à todos ficarem
próximos de mim
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de agora em diante
não vou olhar para os molhes –
céu estrelado
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nesta noite fria
ninguém lê mais o que escrevo –
lua minguante
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tempestade –
para todos compreenderem
o que se passa aqui
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a brisa se ouve -
entre o mar e a falésia
a vigilante gaivota
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as tardes passam
e com elas as pulgas
do meu cachorro
com os pés gelados
ResponderExcluirleio haicais. Na madrugada
desta noite fria
Muy lindo.
ResponderExcluirMe gustaron mucho.
Sobre todo este haiku:
Ao longo da lagoa
seguindo a minha sombra
o cão companheiro.
Besos Mil
espetaculares. Passei para te deixar o meu beijo.
ResponderExcluirgracias por continuar mi "soledad".
ResponderExcluirluego vuelvo por aquí a leer esta entrada.
besos*
el pasado es
ResponderExcluirluz y sombra en el río
agua que vuelve
besos*
"Tudo passa. Até uva passa."
ResponderExcluirAbraços poéticos
as pulgas do seu cachorro são muito poéticas...
ResponderExcluirO que mais me encanta num haikai (num bom haikai) é o poder de dilacerar com poucos artifícios, como a picada de uma cobra ou um amor que sangra... até morrer ou matar. Um lapso de ser humano que transcende ao Inferno ou ao Paraíso, se conseguir sobreviver a ele mesmo.
Nem todo poeta alcança essa eloquência...É muito difícil fazer bons haikais.
Hoje que vi que deixou um poema nos comments do LOBA. Irei postá-lo depois. Gostei muito dele. Parabéns!!!
Beijos!
Seus haicais me fazem voltar à infância.
ResponderExcluir"Ao molhar os pés
depois das urtigas secas
girinos rondando"
Um abraço
solidão vernal —
ResponderExcluiro violoncelo acompanha
vinho e azeitonas
Um abraço boreal
sinto que ainda cresço,
ResponderExcluirtodos os ossos doem
até à alma
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na calmaria da lagoa
atrás da casa velha
as imbiribas assanhadas
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solidão que nada
na noite fria
a lua se cobriu de céu
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lilás do ocaso
é a rosa dançarina
nas tardes de abril